segunda-feira, agosto 04, 2008

O Amante da Vida.


Vida, eu me entreguei
a ti, como o homem
apaixonado se entrega
à mulher amada.
Abre para mim
os teus níveos braços
E recebe-me.
Deixa-me descansar
a cabeça entre teus seios.
Estou tão cansado!
Dá-me um momento
de conforto em teu peito quente.
Meus pés estão feridos,
Pois descalço trilho meu caminho.
Estou sujo de pó.
A estrada que percorro
É de terra batida.
Meus cabelos negros estão
Emaranhados e cobertos
pela poeira e ressecados
pelo calor, assim como minha epiderme.
Agora que te encontrei nesta estalagem
De deleites do espírito,
Eu te peço: cuida de mim.
Recompõe meu ânimo,
Esta alma alada e vagabunda.
Lava os meus pés e cura-lhes
Das suas feridas de caminhante.
Apara água da chuva, Vida,
E prepara um banho para mim.
Lava o meu corpo com pureza;
remove este pó de meus cabelos
e unta-me com óleos perfumados.
Assim eu me entrego a ti
E sou teu esposo e amante.

Awmergin, o Bardo


Fotografia por Pascal Renoux

2 comentários:

Carmen Regina Dias disse...

Coisa mais linda de Amante...
Fico maravilhada quando te leio...
já me sinto a própria Vida,
viro poeta na hora,
já quero responder ao teu poema.
Bardo bardo... que ser maravilhoso
tu és entre os mortais...x

Liah in Casulo disse...

Deixo-te meu comentário nas sábias palavras de Fiodor Dostoievsky.

"Creo en la vida eterna en este mundo hay momentos en que el tiempo se detiene de repente para dar lugar a la eternidade".

Beijos pra ti, agente de Luz.