sexta-feira, abril 25, 2008

O Bardo ignorante, pobre e vadio.


Sou um ignorante, pois nada sei das artes e das ciências dos homens.
Também sou pobre, pois não tenho lar. E vivo a vadiar pelas paragens da Vida, como um errante ou uma ave cujo destino é apenas o Céu.
Não tenho recursos e vivo faminto. À beira da estrada, alimento-me do que se servem os pássaros nas árvores. Estas filhas da Terra dão-me seus frutos e deles mantenho a vida deste corpo, veículo do Espírito.
Sou analfabeto da letra dos homens. Apenas aprendi a ler a Letra de Deus, a que está escrita com caracteres invisíveis no Livro da Natureza.
Os homens riem-se de mim, pois ignoro suas artes e ciências. Todavia, em minh'alma abro um sorriso a eles, que são insanos em suas buscas de respostas para os Mistérios da Natureza. Não sabeis vós, que a Natureza apenas remove seu véu àqueles que não a assediam?
Sou feio e só caminho de pés descalços pela terra batida das estradas, levando o cajado de minha Vontade para apoiar-me contra os obstáculos e para defender-me das serpentes que encontro no caminho.
Trilho meus caminhos solitário da companhia de homens, mas tenho a companhia da Solidão, minha melhor amiga e do Silêncio, meu mais sábio conselheiro.
Pois, sim... sou pobre, feio, ignorante e carente de recursos. E, no entanto, tenho tudo, a Riqueza, o Belo, o Saber e a Luz em um lugar a que a vista dos homens está fadada a não ver.

Awmergin, o Bardo

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