quarta-feira, abril 02, 2008

A Deusa das Flores.


Dá-me, meu pai Apolo, um verbo suave,
Tange tua lira de ouro para meus ouvidos.
E que eu, teu filho devoto, possa entoar
Um belo canto de louvor à mulher
Que se fez Deusa em meu coração.

Sacrossanto é um espaço de meu coração.
Nele cultivei um Jardim, em cuja terra
Plantei árvores frutíferas e delas nasceram
Um farto pomar, onde os famintos
Vêm aliviar sua fome. Na terra sagrada
Plantei roseiras de todas as cores e espécies,
De todos os aromas e perfumes, assim como
Flores delicadas e alegres. Os pequeninos
Insetos logo vieram visitar minhas amadas
Flores e rosas. Os pássaros canoros escolheram
Meu recinto florido como morada, pois nele
Encontraram farto alimento e perfumes
Para suas almas aladas. Todavia, algo faltava.
Flores, rosas, árvores, frutos, insetos e pássaros
Já habitavam em meu Jardim, mas nele faltava
Um templo e uma divindade a quem dedicar
Estas belezas em hecatombe.
Não tardei a erigir um templo em mármore
Polido, bronze e prata. Completei-o com
Jarros em cujos interiores pus as
As mesma flores e rosas que cultivo
Com amor devoto. Acendi incensos de aromas exóticos,
Provindos de distantes terras.
Ao fim da preparação do recinto sagrado,
Preparei-me para a cerimônia de evocação
Da divindade que iria residir naquele local.
Trajei as vestes mais brancas e puras
Para a realização do ritual.
Iniciei dizendo: "Bem-aventurados sejam vós,
Ó deuses piedosos! Portadores da Luz
Que derramam vossas dádivas
Sobre nós, homens mortais.
Rogo-vos, senhores, que um de vós aceite
Minha humilde oferenda como hecatombe
À vossa graça celeste. Eu, Awmergin, filho
De Apolo, rogo à deusa das Flores
Que aceite minha oferta e venha habitar neste
Singelo templo, erigido por estas mãos calejadas
E sofridas de um jardineiro".
Assim disse estas palavras piedosas.
Não muito tempos depois, um vento
Suave iniciou a soprar dentro do templo
E um perfume de um aroma delicioso
E indizível pairou pelo ar.
Uma luz suave fez-se presente
E eu ouvi uma voz cândida falar-me:
"Amado poeta e jardineiro, muito
Me toca teu amor e tua devoção.
Como eu, mesmo sendo uma divindade,
Não aceitaria tua oferta tão generosa?
Meu amado e querido poeta, habitar
Neste templo será para mim um prazer
Já que construíste teu Jardim com tanto
Amor e beleza. Eis uma morada digna de deuses".
Assim disse a deusa estas palavras etéreas
Aos meus ouvidos que ouviam sua voz
Como a um hino indescritível de beleza.
Desde este dia ela habita em meu templo,
No centro do Jardim Sagrado.
Suas bênçãos fazem-se presente aos ares
Do recinto. As flores e rosas são mais belas,
Dão perfumes deleitosos ao olfato;
Suas cores deslumbram a quem vem
Visitar-me. Os pássaros são mais alegres
Pois têm um alimento mais nutriente
Nos frutos de meu pomar;
Os insetos têm um néctar tão
Doce quanto a ambrosia divina.
E estas foram as dádivas outorgadas a mim
Pela Deusa das Flores que habita
No sacrossanto recinto de meu coração,
Onde construí um Jardim e onde erigi um Templo.

Apolo, divino citaredo, assim cantei
O dia em que realizei a cerimônia
De consagração do templo, no Jardim
Sagrado em que, desde então, habita
A deusa das Flores, regente de meu coração.

Awmergin, o Bardo

Pintura: "A Birthday" de Emma Florence Harrison, data: cerca de 1914

Um comentário:

Vampira Olímpia disse...

Oi, Anjo!
Como estás?

Mudei o end do meu blog, problemas com o antigo:
www.castelovampiraolimpia.blogspot.com

Te aguardo lá!
Saudações Vampirescas.