segunda-feira, setembro 03, 2007

O Cântico do Renascimento.



Agora cantarei o cântico do renascimento
Não sem antes, todavia, clamar
Pelas dádivas sublimes Daquele
Que a vida outorgou-me e fez de mim
Um mensageiro da Luz entre os homens.
Divino Sol, rei da luz, pai doador,
É a Ti, Senhor, que eu invoco
Para que eu possa bem entoar
Este cântico, esta gesta
Pela qual teu filho devoto
Contará suas peripécias
Antes de renascer na Luz.
Quando na aurora de meus dias
Encontrava-me, minha alma
Fora abatida e ao Reino Tenebroso,
Ao Hades desceu. Lá, horrendas imagens
Vislumbrei e muito temi.
Afortunado de mim, contudo,
Pois lá encontrei duas almas familiares
A me guiar os passos: Dante e Virgílio.
Os passos guiaram-me estes dois vates.
No Inferno, pude ver as níveas faces
Da rainha Perséfone e ouvir sua voz;
Encarei o rosto duro e obscuro de Plutão,
Rei tenebroso de tão profundo antro.
No Inferno, porém, não devia permanecer
Por longo tempo. Porque lá não era meu lugar.
De lá parti com auxílio generoso
De Dante, amante de Beatriz
E Virgílio, o vate do Império Vigoroso.
Deram-me a cura provisória
Para a ferida que me lacerava o peito.
Quando acordei de meu torpor
Já no Hades, não mais me encontrava.
Recomendaram-me os poetas
Que dirigisse meus passos à sacra
Cidade de Epidauro, pois lá
Cura definitiva encontraria aos meus males.
Obedeci-os e passos firmes segui
À casta morada de Asclépios curador.
Convoquei os Ventos em meu auxílio.
Éolo, rei dos cavaleiros alados
Ouviu minhas preces e enviou-me
Um de seus rápidos filhos, Zéfiro.
O Vigoroso vento conduziu-me
Por sobre o Oceano de Atlas.
Juntos atravessamos o Oceano
E o continente da bela Europa
Até pousarmos em Epidauro.
Lá chegando, fui recebido
Pelos puros sacerdotes
Do deus curador, cujo tratamento
Com bálsamos sagrados
Mui’ bem fizeram à minha Saúde
Assim curei-me em Epidauro:
Com bálsamos, música,
Poesia, teatro, banhos
Cuidados dos sacerdotes
E das castas enfermeiras
Do deus filantropo.
Terminada minha estadia em Epidauro
Parti para Elêuisis.
Lá fiz-me iniciar nos vetustos
Segredos do Templo de Deméter.
Lá portei o archote sagrado
E vislumbrei os sacros Mistérios
Da deusa e de sua filha.
Após desvelar os segredos
De Elêusis, parti para Turquia
Onde, nas escuras cavernas
Da Capadócia, encontrei-me
Com Mithra, o Sol-guerreiro,
Senhor da Luz e da Justiça.
Após ver a Luz, nos profundos antros
Da Capadócia, parti par Istambul.
E lá motivos místicos não me levaram,
Mas apenas passeios, compras
Em suas antigas feiras de rua.
Da Turquia, velho berço do Otomano Império,
Parti para a Síria, terra do Sol.
Lá permaneci sete dias encerrado em um velho
Mosteiro, em cujas salas
Aprendi sobre velhas doutrinas
Do Sufismo, na companhia
Dos sacerdotes devixes.
Juntos rodopiamos e dançamos
Em louvor a Deus.
Saído do claustro do mosteiro sírio,
Parti para o Iraque.
Nesta terra que outrora fora a Babilônia,
Encontrei com velhos parses
Que me ensinaram segredos
Astrológicos sobre a vida dos Astros,
Deuses que giram sobre nossas cabeças.
De lá saído, parti para o Tibete.
Nesta terra, o topo do mundo,
Estive em companhia de sacerdotes budistas
Que me autorizaram a participação
No Wesak, a festa maior do Budismo.
Fui ao lago, no alto das montanhas
E lá, vi Iniciados e estive dentre
Os discípulos que participam
De tão antiga celebração.
Do Oriente sábio, retornei à minha terra
Verdejante, a Amazônia.
Aqui, encontro-me em minha
Pequena e simples choupana
Em meio à floresta. Cá descanso
Meus passos peregrinos.
Agora, após ter descido aos Infernos,
Após ter caminhado e voado
Com asas peregrinas por muitas terras,
Renasço na Luz. Curado tenho todas
As feridas que me foram feitas
No passado. Renasço na Luz.
Banhado por uma catarata luminosa
Que desce do Rio Maior.
Estava em gestação no Ventre da Mãe Celeste.
Nove meses de gestação.
Agora eu saio do ventre
De minha Diva Mãe
E renasço como um infante luminoso.
Vinde a mim todos vós!
Banhai-vos na luz que flui
Através de mim.
Vinde, pois eu jorro abundante!
E a dávida que tenho, em verdade,
Não é minha, é de meu Pai, o Sol divino.


Awmergin, o Bardo - em: 01/09/2007, às 10:10h

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