domingo, setembro 17, 2006

A Saga da Ave Solar



I

Canta Calíope, aos ouvidos
de minh’alma, para que este teu
irmão possa narrar a Saga
da Sagrada Ave Solar!
Há três milênios, quase,
ela pousou novamente
após ter estado n’outras terras.
Até encontrar, na península
em forma de bota, acolhedor
ninho, construído pelos filhos
da loba.
Sob tuas gigantescas asas
o povo que te acolheu,
cresceu; transformou o teu ninho
que era de palha, no começo,
em um ninho de mármore.
Eles, os filhos da loba,
te levaram no cume
de seus estandartes,
vitoriosos e reluzentes.
Tuas asas alcançaram,
do mundo, grande parte
pela força da virtude
dos guerreiros, teus serventes.
Ó filha de Júpiter Trovejante!
Aos enéades, da tombada Tróia
descendentes, concedestes dádivas
tais, jamais vistas nestes tempos
em que o bardo canta em teu louvor.
Mui’ grandes varões
te serviram: combateram
e ínfimas terras conquistaram;
puseram a mão em incandescente
braseiro, para da corpórea
ferramenta só ossos queimados
restar, em nome da lealdade.
Inspirastes viril fortaleza
aos filósofos, com nome
do "pórtico" da cidade
de Palas, para nas vicissitudes
e desgraças, enviadas pela Fortuna,
suas nobres almas forjar.
Muitos foram os Imperadores
que te serviram
e te levaram às mais
distantes partes, para tuas asas
outros povos proteger.


II

Porém, tudo o que se inicia
n´algum tempo tem de acabar.
aqueles que por mil anos
estiveram sob a proteção
de tuas divinas plumas
começaram a perder, em seus corações,
o que te matinha entre eles:
o Amor ao Ideal de Justiça.
Com Esperança, que sempre
os Deuses têm nos homens,
aguardaste reação.
E ela veio: um último
Imperador, devoto das antigas
crenças combateu por ti,
contra a doença que tomava
o divino teu ninho.
Embora tenha sido titânico
seu esforço, o Imperador, pelas costas,
foi apunhalado. Partia, assim,
para os Campos Elíseos descansar
junto com sua raça, a dos heróis.
Tendo partido teu último servo,
do Império Vigoroso, e tendo o teu ninho
completamente contaminado pela "nova doença",
Só restava a ti partir, à terras
Mui’ distantes, de altas montanhas.
A nova terra por ti escolhida
ficava n´um distante país do Oriente.
Lá, nas altas e alvas montanhas,
no topo do mundo, encontraste
uma nova guarida.
Os sábios e serenos habitantes
d’aquelas montanhas cuidaram
com muito amor e zelo de ti.
Era disso que necessitavas:
proteção contra a profanação.
Até que fosse propício
o teu retorno, houveram
de se passar mil e quinhentos anos
para voltares e abençoares,
novamente, o desgraçado e doente
povo das terras do Ocidente.


III

Num país, que tem por nome
uma tribo bárbara, nasceu
aquela valente Dama,
tua futura leal servidora.
Tinha o nome da mulher
que à grande contenda
de Tróia deu início.
Isto parecia um prenúncio
de sua tortuosa vida,
pois muitas batalhas
teve de travar para
te construir um novo ninho,
ó Filha d´Olímpico Senhor!
Batalhas travadas, muitas:
Contra os adoradores da matéria
e contra os corruptores da antiga fé.
Combateu tua leal serva,
a Dama, nascida em país bárbaro.
Também, à Dama chegou a hora
de partir, pois muito havia lutado,
suas forças se haviam exaurido,
tinha o seu dever cumprido,
mas não sem antes neste mundo
deixar outros valentes servidores
teus, ó Áurea Senhora Alada!
A nobre Dama se foi...
Juntou-se a todos os passados
servidores teus, Rapínica Mãe,
nos Prados da Bem-Aventurança.


IV

Cinco décadas depois, os discípulos
da Dama, de bárbara origem,
já não trabalhavam como deviam
para o sagrado ninho construir.
Haviam perdido o sentido de sua missão:
Construir o teu ninho, Bailarina das Alturas.
Então, um novo esforço teve de ser feito.
Os sábios e serenos homens do Oriente
tiveram de um novo servo descobrir...
e o fizeram.
Nas terras do Sul, com nome
de precioso metal, nasceu um homem
que por nome tinha "o lavrador",
na língua dos antigos helenos.
Já em sua juventude, após
ter perdido seu amado pai
e na vida estar desolado,
os sábios e serenos homens
lhe deram uma dádiva,
uma causa pela qual viver e
se necessário fosse, morrer.
Os anciãos do Oriente deram
ao rapaz, cultivador da terra,
o Ideal de continuar a construção
do teu ninho, Ave Solar.
O jovem com muita alegria
aceitou a nobre missão.
Começou a propagar o Ideal,
novamente, a outros jovens, de coração.
E foi assim que muitos devotos
Servos aderiram à tua Causa,
Mãe com plumas de ouro.
O lavrador trabalhou a terra
deste mundo para melhor podermos
construir o teu refúgio
e antes de ele próprio também
partir, aos Campos dos Heróis,
e se juntar ao Imperador e
a Dama bárbara, deixou um
grande número de servidores.
E foi assim Senhora,
Águia Solar, que voltaste
ao Ocidente e tiveste o teu
divino ninho refeito, para
te assentares e abrires, novamente,
tuas douradas asas sobre
teus filhos que tanto necessitam de ti.
Guarda-nos, ó Mãe vinda do Sol,
das trevas e de um mundo
sem tua proteção.
Ó Musa, assim cantei:
A divina saga dos servos e da Ave,
eu o bardo da terra-esmeraldina
cantos entoei,
pela sagrada Ave.


Awmergin, o Bardo
Em: 22/06/2002

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