quinta-feira, julho 13, 2006

II Vadiagem - O Templo de Epidauro

Primeiro Dia

Conta-nos, o Bardo, sobre seu despertar após a dolorosa andança feita ao Hades. Fala-nos sobre como foi conduzido pelo vento Zéfiro às antigas terras da Hélade, à cidade de Epidauro, onde seria curado de sua profunda ferida.

Abriram-se os meus olhos
Ao primeiro cantar do galo,
Saudando o Rei Dourado que altaneiro
Se erguia no firmamento.
A ferida em meu peito 'inda sangrava.
A dor n'alma continuava.
Tudo o que recomendaram-me
Os meus Mestres poetas no Érebo
Eu 'inda recordava-me nitidamente.
Despertei daquele sono ao cantar
Da ave lutadora. Encontrava-me
Em minha cabana em meio
À verde floresta que à vida me trouxe.
Quando já refeito do despertar
Às margens do rio dirigi
Os meus passos. Lá chegando
Elevei possante rogo ao Vento,
Cavaleiro alado, e lhe disse:
"Éolo, rei dos oito ventos,
Ouve minha súplica!
Envia a mim um de teus
Filhos e pelo Oceano de Atlas
Faz-me atravessar. Dá-me passagem
Pelo Continente da bela Europa
E faz-me pousar em segurança
Nas sagradas terras da Hélade,
N'alva cidade de Epidauro,
Regida pelo casto Asclépio.
Ó Éolo, manda a mim um de teus filhos!"
Assim falei com possante voz.
E pouco tempo depois
Lufadas de vento começaram
A soprar desde o Nascente.
Os meus negros e lisos
Cabelos esvoaçaram.
Desde o céu apresentou-se
A mim Zéfiro e tomou a voz:
"Tu chamas, ó Bardo?
Meu pai enviou-me a ti.
Tua súplica tão alta
Ressoou por estes ares até
As regiões onde eu e meus
Irmãos habitamos.
Cá estou, a pedido de meu pai.
Agora, dize-me: aonde desejas ir?"
Assim falou-me o filho de Éolo,
O vigoroso Zéfiro.
(Continua...)
Awmergin, o Bardo
Em: 13/07/2006, às 01:30h

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