domingo, fevereiro 15, 2015

A Busca.


Há muito busco pela Felicidade,
Assim como o ávido busca pelo ouro,
O radiante e áureo metal.
Busquei-a em muitas partes
5. E em muitas coisas depositei
Minha fé, na esperança
De encontrá-la. Dias incontáveis
Percorri caminhos tentando
Alcançá-la pelas estradas da vida.
10. Nas brumas da noite arrojei-me
Em seu encalço, portando a lamparina
De minha inteligência, para iluminar
Os meus passos em brumosos caminhos.
Não logrei encontrá-la, seja de dia -
15. Quando Apolo transita pelo céu
Com sua fogosa quadriga -
Seja à noite, quando Urano encobre seu
Corpo titânico com o manto estrelado
E Ártemis dispara suas flechas
20. De prata sobre a terra.
Cansado de trilhar caminhos,
Repousei meus pés e meus passos vadios
Nas tavernas do deleite
E busquei a Felicidade nos gozos
25. Efêmeros, esperando que a ânsia
Sublime de minh’Alma se sentisse
Satisfeita. Frequentei bares e tavernas,
Onde sorvi o rubro vinho, dádiva de Dionísio,
E tive algumas horas de inebriante e
30. Falsa alegria. Passado o efeito do vinho
Foi-se a alegria, restando tão-somente
Minha lucidez amarga.
Também busquei a Felicidade
No barulho e no luxo das festas.
35. Frequentei a alta-sociedade, cujos membros
Trajam-se com beleza e sofisticação,
Mas são egoístas, vaidosos e hipócritas;
Têm posses no mundo exterior, porém,
São vazios e pobres em suas almas.
40. Assim, apartei-me deste mundo de luxo,
Vaidade e vazio de Almas...
Ali não encontrei a Felicidade.
Posteriormente, frequentei as filhas de Afrodite,
Em cujos lábios sorvi um mel delicioso
45. E em cujos seios quentes e macios
Descansei minha cabeça pesada de preocupações.
Nos braços das mulheres, e nos gozos
Que elas me ofereceram, busquei a Felicidade.
Contudo, não logrei encontrá-la, também,
50. Entregando-me aos voluptuosos deleites.
Desvencilhado dos braços ternos
E quentes das filhas de Afrodite,
Retomei meus passos errantes mundo afora.
Desta vez, todavia, vi a mim mesmo
55. Farto de gozos e deleites efêmeros.
Abandonei-os e fui em busca
Da Felicidade nas coisas sagradas
Das religiões. Nos templos encontrei
Apenas pedras amontoadas e fanáticos,
60. Homens inconscientes dizendo-me
Que suas doutrinas eram as únicas
A conduzir a Deus. Nas religiões e
Nos templos artificiais, erigidos
Por mãos humanas, não logrei
65. Encontrar Deus nem, tampouco, a Felicidade.
Noutro momento de minha busca,
Participei de ritos misteriosos, de religiões
E seitas igualmente misteriosas
A prometer-me Felicidade e bem-aventurança
70. Após minha iniciação em suas ocultas
Cerimônias,
71. Compreendi que a iniciação no templo da Sabedoria
Não pode ser oferecida por ninguém, tampouco dada
À Alma vinda desde fora, mas se acessa ao templo
No próprio coração. Ali encontre a chama sagrada e eterna:
O fogo místico do Amor.
72. Quem me pode fazer feliz, quem? Ninguém além de mim.
Em meu Ser encontra-se a fonte e o manancial eterno.
Posses e bens não me fizeram feliz. O Ser, sim.
Paixões me tiraram caminho; o Amor colocou-me nele.
O Amor é a Verdade, a Luz e a Vida.

Awmergin, o Bardo






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