quinta-feira, novembro 15, 2007

Desejos.


Muitas coisas eu tenho
A te desejar, mas primeiramente
Te desejarei o que é o essencial:
Eu desejo que tu, sendo ignorante,
Te reconheças como tal
E não te contentes com tua ingnorância.
Desejo que sejas humilde e perseverante
Na busca pela Sabedoria,
O bálsamo curador da alma.
Também desejo que em tua busca
Pela radiante Sophia, tu encontres
Muitas dificuldades, para que
Mostres o teu valor e te mostres
Digno de possuí-la e para que
Temperes teu ânimo e coragem.
Eu desejo que tu sofras,
Nem muito, nem pouco,
Mas o suficiente, para que
Aprendas com a dor
E valorizes os fugazes
E poucos momentos de felicidade.
Eu desejo que tu te iludas,
Mas não por muito tempo
E desejo que, iludindo-te,
Tu encontres a lucidez
Em meio às brumas da ilusão
E possas vislumbrar
A Luz da Verdade.
Ademais, desejo-te que, em meio
Ao sofrimento, tu fiques triste
Por um dia. Assim aprenderás
O incalculável valor do sorriso
E da felicidade, o tesouro por todos buscado.
Quero desejar-te que sintas ódio,
Mas não que ele domine
De todo o teu coração
E nem obscureça por completo
A tua límpida e clara alma.
Desejo que odeies para que descubras
Que o ódio nos separa de nós mesmos
E de tudo à nossa volta.
Assim, descobrirás que só o Amor
Pode nos religar uns com os outros.
Eu desejo, meu amigo,
Que tua fé seja abalada
Para que descubras que sem
Deus a vida é vazia, árida e egoísta.
Eu desejo, irmão, que tu
Conheças o feio para que
Reconheças o deslumbramento
Do Belo, que é o vestido da Dama Verdade.
Eu desejo que sintas medo,
Mas que nas trevas do temor
Acendas a tocha da coragem
Em teu peito e a faças queimar
Tão ardentemente e possas
Iluminar os teus semelhantes
Com atos de valor e generosidade.
Eu desejo que tu conheças
O que é estar tombado
Em meio ao pó e à lama.
Porque assim descobrirás o quão
Glorioso é reerguer-se apoiado
Na férrea espada de tua própria Vontade.
Eu desejo que sorvas
Até a última gota
O cálice das experiências
Amargas, pois saberás
Que sábio é aquele que
Prova o gosto da Vida e o assimila.
Eu desejo que tenhas
Inimigos e que eles te façam
Reconhecer teus próprios limites,
Assim como tuas virtudes ocultas.
Eu desejo, outrossim, que possuas
Amigos. Não muitos, mas poucos
E que eles sejam fortes, humildes,
Leais,justos e sábios.
Que eles sejam teus irmãos
Em espírito antes que na carne.
Sejam teus amigos tuas almas gêmeas!
Eu desejo que tu, estando só,
Não amaldiçoes a solidão
E não te revoltes contra ela.
Desejo que aprendas a apreciar
A maravilhosa música do silêncio
E que aprendas a apreciar
A sinfonia harmoniosa
Que se executa dentro de ti.
Por fim, amigo,desejo que na pobreza
E no desespero, tu te dirijas à floresta
Brumosa de tua própria alma
E lá escaves
Bem fundo o teu coração,
Pois é lá que encontrarás
A áurea arca do tesouro:
O teu Espírito radiante.
E são estes, meu irmão,
Os meus desejos a ti.
Porque se os obedeceres
E os seguires, serás sábio,
Rico e eternamente feliz.

Awmergin, o Bardo
Em 04/12/2005, às 23:55h

Fotografia: "Free like the Wind", de Jean Paul-Nacivet

Um comentário:

Denise disse...

muito lindo....